segunda-feira, 16 de maio de 2011

Poesia do dia

Resolvi trazer pra vocês um poema do meu novo autor favorito, Roberto Piva. Tenho entrado tanto em contato com ele na faculdade que ele me atraiu a atenção. O poema ali em baixo se chama "Os escorpiões do sol", e é o primeiro poema do livro "Coxas", publicado pelo autor em 1979. Aproveitem:


Eram 4 horas da tarde do mês de junho & o sol batia no
topo do Edifício Copan suas rajadas paulistanas onde Pólen
& Luizinho foram fazer amor & tomar vinho.
O adolescente vestia uma camiseta preta com o desenho no
peito de um punho fechado socialista, calças Lee
desbotadas & calçava tênis branco com listras azuis. Você é
minha putinha, disse Pólen. Isso, gritou Luizinho, gosto de
ser chamado de putinha, puto, viado, bichinha, viadinho ah
acho que vou gozar todo o esperma do Universo!
Neste instante um helicóptero do City Bank aproximava-se
pedindo pouso  & os dois nem ligaram continuando com
suas blasfêmias eróticas heróicas & assassinas.
O guarda que estava no helicóptero então mirou & abriu fogo.
Luizinho ficou morto lá no topo do Edifício Copan com
Uma bala no coração.
Por onde é preciso começar?


Depois de ler esse poema eu percebi que, desde os anos 70/80 os gays vem lutando para sair da "clandestinidade", buscando um lugar ao sol na sociedade que tanto os despreza. Ser gay não é doença e muito menos pecado, assim como também não é uma escolha. Não é nossa culpa, não é culpa de ninguém. Nós só nascemos assim. A forma como o autor quer mostrar a homossexualidade para o mundo, com um assassinato, choca, mas ao mesmo tempo conscientiza, nos faz perceber que os gays estão presentes na sociedade e são capazes de fazer as mesmas coisas que qualquer outro ser humano faz. Pensem sobre isso, pensem que vocês, mesmo sem saber e sem querer, podem ter um gay bem perto de vocês. Beijas e té mais.

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